Nossa proposta é tirar a poeira de nossas Bíblias que por vezes ficam esquecidas em um canto da estante, ou como “amuleto” aberta em capítulo específico pegando poeira num pedestal, ou ainda sendo aberta somente aos domingos durante o culto. Almejamos através da pesquisa dos conteúdos milenares desse livro ajudar a transformar nossas vidas em vida de verdade, retirando-a do pedestal do homem para nos colocar aos pés do Senhor, nutrindo-nos do amor de Deus.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Método Comparativo Parte II - Aplicação do método


Como anteriormente dito, segue a aplicação do método comparativo, ou o que chamamos em português de intertextualidade. Queremos deixar claro que nossa intenção no presente estudo não é a de defender esta ou aquela teoria sobre o fim dos tempos, pois a exegese nada afirma, apenas expõe as possibilidades. Desta forma, exporemos simplesmente como os textos se comunicam, sem nenhuma intenção homilética.

Boa consulta!







De Rei para reis: uma visão dos tempos vindouros


Em Daniel capítulo 2, versículos 1-3; 5-6; 10, 12; 14-20; 23-47 temos a  interpretação do sonho de Nabucodonosor sobre coisas que hão de acontecer, ou seja, a volta de Cristo.
O primeiro aspecto a ser destacado é o que Daniel chama de últimos dias ou dias futuros e que em apocalipse 16: 14-16 vislumbra-se como O grande dia do Deus Todo-Poderoso. Fato este que acontecerá através de uma peleja e em um local já anunciado, como destaca o versículo 16: Então, os ajuntaram no lugar que em hebraico se chama Armagedom.

Este local encontra-se no Vale de Megido e já foi palco de muitas guerras sanguinolentas (2 Rs. 9.27, 2 Rs. 23.29, Zc. 12.11).
Também mencionado como “vale da decisão" (segundo Joel 3:14), ou "vale de Jeosafá" (Joel 3:2), encontra-se estrategicamente posicionado em um local onde durante mais de quatro mil anos aconteceram diversas batalhas decisivas na história do antigo Israel. Local este, composto por um grande descampado, tendo seu valor militar reconhecido até mesmo por Napoleão Bonaparte (grande estrategista na arte militar como se sabe) e assim sendo, perfeito para a Guerra Santa e o juízo de Deus, o Sagrado versus o profano.

O segundo aspecto do sonho de Nabucodonosor foi uma estátua grandiosa e de terrível aspecto. Assim como muitos reinados já existentes, grandiosos no poder e terríveis na opressão ao povo.
Vislumbrar-se-á mais profundamente cada um desses reinos a partir das divisões corporais presentes no próprio sonho.

  • A cabeça feita de ouro puro – diz respeito a um reino muito próspero, visto que  ouro na antiguidade sempre fora arquétipo de grande riqueza. Também podemos considerar o mesmo com muitas habilidades intelectuais, representado no sonho pela cabeça. Assim, como o próprio Daniel dissera, a cabeça expunha toda a força e imponência do império de Nabucodonosor, ou seja, a Babilônia. 
  • O peito e os braços (tronco) – O tronco da estátua possui dois braços, ou a nosso ver, dois impérios. Historicamente falando podemos considerar o império que conquistou a Babilônia em aproximadamente 538 a.C. O mesmo fora constituído  por uma aliança entre dois povos, os medos e os persas. Tais povos eram hábeis com as mãos, especialistas em trabalhos manuais e construção. Foram retratados pela prata por serem inferiores ao reinado Babilônico “de ouro”. 

  • Ventre – Após o império medo-persa emerge no cenário histórico a ascensão da Grécia. De povo totalmente hedonista, quer dizer, erotizado, voltado as coisas do prazer. Sensualidade esta retratada por um ventre. Tal parte da estátua também faz alusão a figura da Terra-mãe na fertilidade telúrica defendida pelos gregos e outros povos antigos, representada na mitologia grega por Afrodite que possuia um culto especial no templo de Corinto, onde praticava-se a prostituição religiosa, uma forma de culto a deusa. Expressando dessa forma a autosuficiencia mítica da mulher.  Eram retratados pelo bronze, inferior aos metais anteriores, por serem fracos no tangente militar, embora poderosos culturalmente.

  • Duas pernas longas – contituídas de ferro, representava no sonho de Nabucodonosor o império que mais tempo permaneceu no poder: Roma. Os membros inferiores ilustram a divisão do reino – Império Oriental e Ocidental. Também ao que alude a figura foi o mais próspero de todos e o que mais benefícios  trouxe aos governados, uma vez, qua criaram estradas e implementaram a navegação. Após este reinado nenhum outro se constituiu com tamanha força.

  • Pés com partes de ferro e partes de barro – esta figura do sonho  prefigura os dias atuais onde vários poderes (reinados) comandam diversas nações mas nenhuma com mão forte o suficiente para governar o mundo. Alguns fortes como ferro, outros frágeis como barro mantém-se em alianças para que se sustentem mas logo hão de ruir.

Posteriormente a essa imagem uma pedra surge ferindo a estátua. Mas antes da pedra outros eventos acontecerão, eventos aos quais Deus não anunciou a Nabucodonosor, mas revelou-lhes posteriormente a Daniel.
Ao analisar a última parte da estátua nota-se dez dedos nos pés representando dez reis, ou melhor, nações que segundo Daniel estabelecerão uma aliança com o Anticristo a fim de manter-se. 
Esse governante conseguirá até mesmo a paz entre Israel e a Palestina numa aliança de sete anos, mas na metade desse tempo o mesmo romperá o acordo e mostrará a sua face.


Com muitos ele fará uma aliança que durará uma semana. No meio da semana ele dará fim ao sacrifício e à oferta. E numa ala do templo será colocado o sacrilégio terrível, até que chegue sobre ele o fim que lhe está decretado”. (Dn. 9:27).

O período que é dado em Apocalipse por meses, em Daniel é dado por dias, onde cada dia prefigura um ano e, assim sendo na metade dos anos, ou seja, três anos e meio, o acordo será rompido e o povo de Deus perseguido.


Não deixem que ninguém os engane de modo algum. Antes daquele dia virá a apostasia e, então, será revelado o homem do pecado, o filho da perdição.

Este se opõe e se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração, chegando até a assentar-se no santuário de Deus, proclamando que ele mesmo é Deus. (2 Tes. 2:3,4)

Quando as províncias mais ricas se sentirem seguras, ele as invadirá e realizará o que nem seus pais nem seus antepassados conseguiram: distribuirá despojos, saques e riquezas entre seus seguidores. Ele tramará a tomada de fortalezas, mas só por algum tempo.

O rei fará o que bem entender. Ele se exaltará e se engrandecerá acima de todos os deuses e dirá coisas jamais ouvidas contra o Deus dos deuses. Ele terá sucesso até que o tempo da ira se complete, pois o que foi decidido irá acontecer.

Ele não terá consideração pelos deuses dos seus antepassados nem pelo deus preferido das mulheres, nem por deus algum, mas se exaltará acima deles todos. (Dn. 11: 24, 36-37).

João em apocalipse (13: 1-7) já falava sobre o tempo do fim:

1 Vi uma besta que saía do mar. Tinha dez chifres e sete cabeças, com dez coroas, uma sobre cada chifre, e em cada cabeça um nome de blasfêmia.

2 A besta que vi era semelhante a um leopardo, mas tinha pés como os de urso e boca como a de leão. O dragão deu à besta o seu poder, o seu trono e grande autoridade.

3 Uma das cabeças da besta parecia ter sofrido um ferimento mortal, mas o ferimento mortal foi curado. Todo o mundo ficou maravilhado e seguiu a besta.

4 Adoraram o dragão, que tinha dado autoridade à besta, e também adoraram a besta, dizendo: “Quem é como a besta? Quem pode guerrear contra ela?”

5 À besta foi dada uma boca para falar palavras arrogantes e blasfemas, e lhe foi dada autoridade para agir durante quarenta e dois meses.

6 Ela abriu a boca para blasfemar contra Deus e amaldiçoar o seu nome e o seu tabernáculo, os que habitam nos céus.

7 Foi-lhe dado poder para guerrear contra os santos e vencê-los. Foi-lhe dada autoridade sobre toda tribo, povo, língua e nação.

8 Todos os habitantes da terra adorarão a besta, a saber, todos aqueles que não tiveram seus nomes escritos no livro da vida do Cordeiro.

Assim como na interpretação de Daniel os pés possuem 10 dedos representando dez governantes, João em apocalipse também fala de dez coroas aludindo à aliança que o Anticristo fará com 10 nações.
Em apocalipse o Anticristo apresenta-se veloz e astuto como um leopardo, forte e imponente como um urso e assim como o leão governa a selva  seu rugido percorre a mata, será esse de grande eloquência na fala, governando assim sobre toda a terra. E todo esse poder ser-lhe-á dado por Satanás.
Ele agirá por 42 meses, ou seja, três anos e meio, como anteriormente mencionado, afligindo os santos de Deus, perseguindo, matando e forçando a todos da face da terra que o adorem. Se aqueles dias não fossem abreviados, ninguém sobreviveria; mas, por causa dos eleitos, aqueles dias serão abreviados. (Matheus 24:22).

Como o próprio Nabucodonosor fez com os amigos de Daniel; Azarias, Misael e Ananias, forçando-os a adorar uma estátua de rei de reis (sua própria), assim também acontecerá nos tempos vindouros, onde o Anticristo fará com que todos o adorem, forçando todos a possuírem sua marca. E aqueles que negarem-se terão o mesmo destino dos amigos de Daniel, ou seja, serão dados à morte. Contudo Deus os arrebatará e prepará-los-ão para a grande batalha: o Armagedom.
Da mesma maneira como um quarto homem passeava na fornalha com eles há de acontecer à vinda do Rei dos reis, a pedra angular, o alfa e o ômega, a pedra cortada sem o auxílio de mãos que destruiu a imponente estátua do sonho de Nabucodonosor, ou seja, Jesus Cristo.

4 À medida que se aproximam dele, a pedra viva rejeitada pelos homens, mas escolhida por Deus e preciosa para ele ]

6 Pois assim é dito na Escritura:“Eis que ponho em Sião uma pedra angular,escolhida e preciosa,e aquele que nela confia jamais será envergonhado”.

7 Portanto, para vocês, os que crêem, esta pedra é preciosa; mas para os que não crêem,“a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular”,

8 e, “pedra de tropeço e rocha que faz cair”.Os que não crêem tropeçam, porque desobedecem à mensagem; para o que também foram destinados.
( 1 Pe. 2.4,6-8)

 Logo após a pedra destruir a imagem, diz Daniel ao rei da Babilônia que a mesma tornou-se uma prodigiosa montanha que encheu toda a Terra. Ao ler atentamente Zacarias (14. 4-9) pode-se apreender melhor o significado dessa montanha que enche a Terra.

4Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio, de leste a oeste, por um grande vale; metade do monte será removido para o norte, e a outra metade para o sul.

5 Vocês fugirão pelo meu vale entre os montes, pois ele se estenderá até Azel. Fugirão como fugiram do terremoto nos dias de Uzias, rei de Judá. Então o SENHOR, o meu Deus, virá com todos os seus santos.

7 Será um dia único, um dia que o SENHOR conhece, no qual não haverá separação entre dia e noite, porque, mesmo depois de anoitecer, haverá claridade.

9 O SENHOR será rei de toda a terra. Naquele dia haverá um só SENHOR e o seu nome será o único nome.

 Segundo as escrituras, o primeiro lugar da aparição de Jesus será onde o mesmo ascendeu aos céus, ou seja, no Monte das Oliveiras. Diz no capítulo 14 de Zacarias versículo 4, como pode-se observar acima que o Monte será rasgado, dividido ao meio. Esse evento fará com que todos os olhos estejam voltados para Israel e assim possam ver a glória de Deus.

Nesse momento Jesus reunirá o povo:

11 Vi os céus abertos e diante de mim um cavalo branco, cujo cavaleiro se chama Fiel e Verdadeiro. Ele julga e guerreia com justiça.

12 Seus olhos são como chamas de fogo, e em sua cabeça há muitas coroas e um nome que só ele conhece, e ninguém mais.

13 Está vestido com um manto tingido de sangue, e o seu nome é Palavra de Deus.

14 Os exércitos dos céus o seguiam, vestidos de linho fino, branco e puro, e montados em cavalos brancos.

15 De sua boca sai uma espada afiada, com a qual ferirá as nações. “Ele as governará com cetro de ferro.” Ele pisa o lagar do vinho do furor da ira do Deus todo-poderoso.

16 Em seu manto e em sua coxa está escrito este nome: REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES.

19 Então vi a besta, os reis da terra e os seus exércitos reunidos para guerrearem contra aquele que está montado no cavalo e contra o seu exército.

20 Mas a besta foi presa, e com ela o falso profeta que havia realizado os sinais miraculosos em nome dela, com os quais ele havia enganado os que receberam a marca da besta e adoraram a imagem dela. Os dois foram lançados vivos no lago de fogo que arde com enxofre.

21 Os demais foram mortos com a espada que saía da boca daquele que está montado no cavalo. E todas as aves se fartaram com a carne deles.

 Após a derrota da besta, (a destruição de toda a estátua a partir dos pés), não mais haverá guerra. E começará o milênio de Deus. Onde Satanás nenhum mal poderá fazer aos homens. Por um tempo.

Ele julgará entre as nações e resolverá contendas de muitos povos. Eles farão de suas espadas arados, e de suas lanças, foices. Uma nação não mais pegará em armas para atacar outra nação, elas jamais tornarão a preparar-se para a guerra. (Is. 2.4)

A terra arrasada será cultivada; não permanecerá arrasada à vista de todos que passarem por ela.

Estes dirão: ‘Esta terra que estava arrasada tornou-se como o jardim do Éden; as cidades que jaziam em ruínas, arrasadas e destruídas, agora estão fortificadas e habitadas’. (Ez. 36. 34:35)

O lobo viverá com o cordeiro, o leopardo se deitará com o bode, o bezerro, com leão e o novilho gordo pastarão juntos e uma criança os guiará.

A vaca se alimentará com o urso,seus filhotes se deitarão juntos, e o leão comerá palha como o boi.

A criancinha brincará perto do esconderijo da cobra, a criança colocará a mão no ninho da víbora.

Ninguém fará nenhum mal, nem destruirá coisa alguma em todo o meu santo monte, pois a terra se encherá do conhecimento do Senhor como as águas cobrem o mar. (Is. 11.6-8).
            
Desta forma todos os escolhidos de Deus, indiferente de suas nacionalidades viverão em paz. Como o lobo vive com o cordeiro, os palestinos viverão com os israelitas, assim como o leopardo se deitará com o bode, os Albaneses e Sírios viverão em paz na Ioguslávia. Pois a estátua de terrível aspecto já não mais existirá e a frondosa montanha acima de todos reinará.


 Conclusão

Este ensaio sem maiores pretenções visou explicitar o método comparativo, enaltecendo sua importância no estudo da fenomenologia religiosa atual, abrangendo alguns dentre muitos arquétipos presentes, no que a Bíblia chama de Armagedom, sob a óptica do que foi revelado a Nabucodonosor. Muitas leituras podem ser feitas tanto do livro de Daniel quanto Apocalipse. Há estudiosos que defedem a vertente de que tais fatos já ocorreram. Que João em Apocalipse falava do Império Romano. Que o livro de Daniel teria sido escrito posteriormente para justificar fatos históricos. Enfim, muita gente fala muita coisa e cada qual interpreta os livros como os convém. O fato é que o imaginário apocalíptico do fim do mundo não é uma “novidade” judaica-cristã, sendo recorrente em diversas culturas. Caminhamos na ideia de que tanto Daniel como Apocalipse convergem de alguns eventos que já se iniciaram, estão ocorrendo e outros que ainda virão. Seja como for, nossa pretenção é a de apenas apresentar o método comparativo e não de defesa teóricas.

Logo, ao aplicar o método comparativo com diversos textos que abordam a mesma temática, mais proveito obteve-se, uma vez que pôde-se extrair deles uma significação mais abrangente. Pois embora cada texto pesquisado tenha narrativas diferentes, todos apontam para um ponto em comum: o juízo final de Deus sobre os homens. Podendo assim destacar os pontos de contato, pois em todos os textos percebe-se:

  1. Dez nações reunidas através de um pacto (aliança);
  2. Que a vinda de Cristo está cada dia mais próxima.
  3. Que a pedra angular destruirá todos os reinados de homens.
  4. Que haverá um grande evento geológico em que todos na terra verão a vinda de Cristo.
  5. Após um período de grande destruição haverá uma grande paz na terra.
  6. Já não mais existirá a luta de etnias pois todos viverão em paz.
Logo, a intertextualidade veio como uma complementariedade do texto base para uma maior abrangência do assunto. Assim pode-se dislumbrar várias vertentes sobre a vinda de Cristo e a salvação dos seus santos, ditas de maneiras diversas mas portadoras da mesma mensagem. E nesse sentido o método comparativo não só apreede melhor o sentido do texto base como preenche lacunas do mesmo através dos textos complementares.



BIBLIOGRAFIA

CARVALHAL, Tania Franco. Literatura comparada. 4. ed. Editora Ática. São Paulo: 2004.

ELIADE, Mircea. O Sagrado e o Profano: a essência das religiões. Martins Fontes. São Paulo:1995.

______________. Mito e Realidade. Editora Perspectiva. 3ª ed. São Paulo: 1991.

Internacional Biblie Society, NIV, Editora Vida, São Paulo: 2002.


INTERNET

Wikipedia


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